[Original] 5 Dias - Úlcera

Úlcera

Olhos vasculhavam o local. Nada ali era desconhecido para ela. Sabia perfeitamente onde estava e com quem. Olhou para o rosto dele, enquanto apontava uma arma em seu rosto. Ser um Etinente* era o ofício dele. Ela, porém fora uma e estava confrontando-se a ele.

- Pense bem, Milena, está fazendo a coisa errada – sua voz era calma, mas trazia um pouco de temor pela atitude dela.
Milena continuava firme com a arma. Não se distrairia por nada. Necessitava fitá-lo e não perder os movimentos dele.

- Me seqüestrar não foi uma boa idéia, Claude...
O homem apenas abaixou a cabeça e suspirou. Ao levantar o rosto, ela vislumbrou um sorriso no canto do lábio dele se formar.

- Por que acha que te sequestrei? Não conhece esse lugar?

Ela conhecia e tinha certeza disso. Mas não entendia o motivo da escolha do lugar.

- É a cabana em que passamos nossa última noite juntos...

Claude sorriu e lambeu os lábios. Era muito previsível ele fazer isso. Milena sabia que ele armava algo.

- Onde estão minhas amigas? – ela não se lembrava com detalhes a última vez em que as viu. Somente tinha a memória de ver Antonela ordenar algo e sair. Tudo foi apagado. De repente ela sentiu uma pontada forte em sua nuca e rangeu os dentes, mas não saiu de sua posição defensiva.

Claude, porém, mexeu-se na tentativa de se aproximar dela. Entretanto, Milena apertou a arma entre seus olhos.

- Talvez Spencer saiba – ele afastou-se. – Spencer! – chamou.

Logo em seguida à porta abriu-se e Milena viu suas amigas sendo guiadas até o interior do quarto.

- Isso dói, seu idiota!

Milena viu Isabella tentar resistir. Sabia que ela estava xingando um dos gêmeos, o de chapéu. Não conseguia ver suas amigas e colegas de profissão serem arrastadas para ali. Ela se sentia inútil.

- Mesmo nós tendo feito amor nessa cabana e seu corpo ter me pertencido, tenho de te matar Milena. Lifans** não são bem vindos.

Ela ouviu aquilo e lembrou-se do amor que sentiu por ele naquela noite. Arrependia-se de tê-lo amado. Deixou sua arma cair no chão e seu corpo logo em seguida. Com a cabeça baixa, cravava suas unhas em sua perna.

- Chorar não adianta nada, Milena. Ter-se tornado uma Lifan foi seu maior erro...

Ele foi pego de surpresa, quando Milena jogou-se sobre ele, apontando uma adaga, que escondera embaixo de sua saia. Ela queria matá-lo, enterrar a adaga em seu peito. Claude olhou-a, pretensioso.

- Terá de fazer mais que isso.

Ela foi puxada por um dos subordinados de Claude e imobilizada. Claude levantou-se e observou a todos.

- Amanhã decidirei o meio de sua morte, amor.
Milena deu um último olhar a Claude. Não conseguia acreditar que se recusou a matá-lo de imediato. Seu coração ainda pertencia a ele.

Notas: Etinente* Comandante da Força Pontal. Também chefes de confiança do Estado. Lifans** Pessoas discriminadas por não seguirem o regime do Estado. Traidores. Fazem parte da Força Frontal (grupo de espiões).


Ela acordou no chão úmido e sentindo frio. Mas este frio não seria pior que ser executada pela sua traição. Milena olhou seu pulso, onde anos atrás existia uma pulseira de identificação.

- Por que ele faria tudo isso? – Jenna sentou-se ao lado da amiga e pousou a cabeça dela em seu peito. – Milena, o que foi que você fez?

Milena olhou para ela e depois para Antonela, que se encontrava ao lado de um cobertor, muito quieta. Depois perpassou seu olhar para Antonieta, que estava agitada, sendo capaz de socar a parede para aliviar sua raiva.

- Eu me entreguei a ele... Naquela noite... – todas ouviam com atenção, enquanto Milena relatava o início da Guerra entre Força Pontal e Força Frontal – Ele sabia sobre minha escolha. Recusei-me a continuar do lado dele, o lado errado. Claude prometeu que me mataria assim que nos víssemos de novo...

Off Topic gente: