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Mensagem por Ma Qui 08 Mar 2012, 1:53 pm

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Últimos dias

Fui diagnosticada com câncer terminal. Desde que descobri a doença estou a cada dia mais próxima da morte. No começo não acreditava, mas conformei-me com o tempo. O que eu poderia fazer a não ser esperar?

Meus dias naquele quarto mudaram pra sempre depois que meu pai me trouxe um caderno e uma caneta. A primeira coisa que pensei foi que ele queria que escrevesse um diário de meus últimos dias. Ele não me dissera pra que se tratava o caderno. Apenas comecei a desenhar nele pra passar o tempo. Muitas vezes eu examinava meus rabiscos, tentando saber mais de mim mesma, como se eu estivesse estudando algum pintor importante.

Eu tinha a companhia da TV e de alguns livros, que meus pais sempre me davam. Tinha o amor de meu irmão mais novo e da minha irmã mais velha. Não sei o que seria de mim se ela não passasse seu tempo livre comigo assistindo TV ou fofocando sobre a escola. Não imaginava que um dia sentiria tanta falta da escola. Meus amigos que deixei lá, que às vezes me visitam. Eu gostaria de poder voltar a minha antiga rotina...

Nem precisaria ficar no hospital, mas eu fazia exames quase que diariamente em busca de uma cura. Ninguém perdia a esperança de me curar, mas eu já aceitei a morte como uma amiga. Minha família não gostava da ideia de me perder. Minha mãe não acreditou na primeira vez que disse que não tinha medo da morte, mas sim depois de eu morrer eles ficarem tristes. Não quero causar a infelicidade de ninguém. Acredito que não preciso ter medo da morte; um dia todos iremos morrer.

Os médicos não encontravam nada. Eu sabia da notícia antes deles a darem. Eu morreria em pouco tempo. Minha mãe ficou desesperada, mas eu a consolei. Ela insistia com os médicos de que não parassem e me curassem, mas eles disseram não poder nada fazer.

Voltei pra casa. O lugar de que eu mais sentia saudade. Sentei-me em minha cama e Naty ao meu lado. Natália ou Naty, como ela era chamada carinhosamente, olhou-me. Acariciou o lenço em volta de meu pescoço. Percebi que ela queria falar algo, seus olhos avelã não mentiam.
Naty sempre foi protetora. Nunca fui saudável. Passei por muitas doenças, mas curei-me, porém a minha leucemia já estava avançada.

-- O que houve, Naty? -- ela sorriu, um sorriso tímido.

-- Bem, se você deixar, eu queria te produzir.

Sorri pra ela e sentei-me mais na ponta da cama. Ela começou a me maquiar delicadamente, como se eu fosse de vidro. Senti cócegas quando ela passou o blush nas maçãs do rosto. Depois de algum tempo olhei-me no espelho. Mesmo eu não tendo mais cabelo, eu continuava feminina usando maquiagem.
Naty disse que podíamos comprar ou encomendar uma peruca, mas decidi não usar. Mesmo eu tendo perdido algo muito importante pra uma garota, sinto-me bem. Não importo se alguém olhar pra mim e sentir pena. Estou bem comigo mesma.

Bernardo entrou no quarto com a câmera em mãos. Sempre gostei de fotografar e não perdi a chance de retratar nós três.

Eu voltei a estudar. Não fui obrigada, mas sentia necessidade de estar entre pessoas que conheço há anos. Eu nem precisaria estar ali, estudando, mas eu o fazia. Todos os dias, antes de eu, Naty e Bernardo sairmos, eu paro em algum ponto expecífico e retiro fotografias. É uma maneira de adequar-me a paisagem. Sinto-me como se fosse uma simples peça, que após seu uso será descartada.
Sempre volto pra casa e saio logo em seguida. Perâmbulo a cidade em busca de algo que me transmita emoção. Não importa o que seja; desde uma flor até uma paisagem, uma poça d'água ou pessoas andando apressadamente até seu serviço. Nem tempo de chuva me fazia voltar cedo pra casa.

Eu sempre encontrava um pretexto para sair. meu pai não gostava muito da ideia. Antes, meus pais não conversavam e viviam brigando, mas após a descoberta de meu câncer, tudo voltou ao normal, com eles se preocupando com o futuro dos filhos. Não via mal algum em andar à procura de algo que valha a pena ser retratado.

Cheguei em casa em plena tempestade. Corri pro quarto e retirei a máquina fotográfica de dentro da capa protetora. Vi Naty sentada em frente ao computador e Bernardo ao seu lado. Os dois observavam atentamente uma fotografia que eu tirara de um casal de velhinhos de mãos dadas. Eu amava aquela foto, me transmitia tranquilidade e amor. Quando a retirei, prometi ao casal entregar-lhes uma cópia. Eu fiz e os encontrei no mesmo lugar. Queria poder continuar como eles.

Aproximei-me de meus irmãos.

-- Gostaram da foto?

Naty pulou da cadeira, derrubando Bernardo no chão. Eu ri. Em pouco tempo todos estávamos rindo da situação. Parei de rir, curvando meu corpo e sentindo dor no peito. Olhei para minha mão e vi sangue. Não consegui evitar que eles vissem meu estado. Naty veio até mim e quis saber se eu estava bem. Menti, dizendo que estava ótimo. Eu sabia que eles não acreditavam, mas também não perguntariam.

Ouvi tantos elogios da parte de meus irmãos. Fiquei contente por ser boa em algo. Eu tinha com o que me distrarir. A arte de fotografar tornou-se minha vida.
A memória do meu computador estava lotada de imagens. Meu pai disse pra eu me livrar de boa parte delas, se quisesse ter mais espaço. Não ocupava muito espaço, mas achei melhor salvar tudo e guardar.
Não imaginava que eu teria uma supresa como a do dia em que cheguei em casa e vi minhas fotos transformadas em quadros. Fiquei feliz com o que eles fizeram. Era uma das melhores coisas que poderiam dar-me.

Meu aniversário estava chegando e todos queriam uma festa, pois não sabíamos se eu poderia ter outra. Comprei uma peruca somente pra usar nesse dia. Na festa, eu estava usando um vestido branco. Meu pai disse que eu parecia um anjo. Eu tinha que concordar com ele. Meu cabelo estava solto e todo em caschos. Meus cabelos são castanhos escuros. Com uma tiara vermelha eu deveria parecer bem juvenil.

Diversas pessoas conhecidas e parentes vieram pra festa. Eu fiquei boa parte sentada, conversando com minha irmã. Ela queria que eu conhecesse um amigo seu do curso de Francês que ela faz todo sábado. Eu não queria fazer amizade com alguém. Depois eu me sentiria ruim em deixá-la em tão pouco tempo. Mas Naty não me escutou e apresentou-me o Henrique.

Ele era um pouco mais alto do que eu, com seus olhos verdes e cabelos castanhos. Ele seria o garoto perfeito pra qualquer garota boba e romântica. Eu bem que poderia ser uma, mas seria impossível. Com quinze anos o que me restava era esperar morrer.

Henrique foi bem cuidadoso em usar certas palavas. Evitava dizer algo que me fizesse lembrar de minha doença.
Naty tinha a esperança de que com ele eu pudesse ser feliz. Eu já sou feliz. Henrique despediu-se de mim. Só o encontrei mais duas vezes. Uma no shopping e a outra no colégio, quando eu o vi esperando alguém...


Natália recolheu o caderno contendo os desenhos e algumas escritas de sua irmã e a guardou dentro do armário. Seria uma das melhores lembranças que ela teria de sua irmã mais nova, além das diversas fotografias.
Ela recolheu de cima da cômoda um porta-retrato e viu o sorriso dela estampado em sua festa de quinze anos.

-- A Beattriz foi muito feliz -- disse a si mesma, tentando se reconfortar, abraçando o caderno contra o peito.

Após ler aquelas memórias em simples desenhos, ela sentiu-se melhor pra compreender a irmã e não ficar triste por não tê-la mais perto.
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Mensagem por Hikaru Sáb 10 Mar 2012, 10:30 am

Gostei da narração e da historia, ficou muito boa... eu gosto de historias com tons trágicos e sensíveis...
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Mensagem por Ma Sáb 10 Mar 2012, 11:02 pm

Hikaru escreveu:Gostei da narração e da historia, ficou muito boa... eu gosto de historias com tons trágicos e sensíveis...

Obrigada. Eu queria que o decorrer fosse diferente, mas ficaria algo gigante se o fizesse.
Também gosto de histórias dese tipo.
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